Boa noite, leitoras!
Hoje é dia de newsletter e eu queria ter chegado mais cedo, só que tem dias que nada sai como planejado. Já aconteceu com vocês? Eu até tenho um planner, eu tenho um roteiro, eu programo meus horários e… a chefa precisa de mim, um colega falta porque passou mal, o gato derruba água no teclado e por aí vai.
Mas cá estou eu para dizer que Theo e Flávia estão na reta final. Estou a 2 capítulos de terminar a história de Um Lorde do Passado e garanto que esse casal está saindo tudo o que planejei: um casal bem Sessão da Tarde, filminho do Hallmark, comédia romântica cheia de bom-humor, romance, cenas sensuais e uma família ótima para nos divertir.
Leveza. É o que Um Lorde do Passado promete. Uma história de destino, escolhas e encontros de almas que colocam aquela pessoa especial na nossa vida. Espero que vocês adorem esses dois o tanto quanto eu estou amando escrevê-los.
Até porque tem muito da Flávia em cada uma de nós. Ela é mais velha, é divorciada, tem dois filhos, sustenta sozinha a casa, seus familiares são do tipo “te amamos e nos intrometemos na sua vida”, resgata animais na rua e cozinha como forma de demonstrar amor. Tenho certeza que a maioria de vocês vai se identificar muito com ela.
Então, como estamos na reta final e a pré-venda está aberta, decidi que era hora de vir aqui para oferecer aquela espiadinha marota para vocês.
NÃO, TATIANA, NÃO QUERO SPOILER NENHUM!
Tudo bem, é só parar de ler agora hehe. Mas se você está muito curiosa para saber como vai ser esse encontro entre o lorde do passado e nossa mocinha de 2023, rolem a página.
[…]
As mãos de Dena tocam meu ombro.
— Flávia, o seu príncipe encantado está em algum lugar aí fora. Se você parar de procurar, pode ser que ele apareça quando menos esperar.
Ah, como se eu acreditasse em príncipe encantado.
— Bem, ele está atrasado — reclamo. — Agora eu vou me dedicar ao “Chef por um dia” porque assim eu vou esfregar a cara de Cláudio no asfalto da humilhação.
— Você ainda está pensando nessa competição? — Ivone bate os pés e espirra água em todo mundo. — Não acha que é uma péssima ideia entrar em uma disputa direta com seu ex?
— É uma péssima ideia. — Movo os ombros e bebo o último gole da margarita. Suspiro para a taça vazia. — Mas vejam, eu quero ganhar e mostrar para essa pilha de estrume que sou melhor do que ele. Não aceito que Cláudio tenha vendido nosso restaurante e aberto outro em Vitória só para apagar a minha memória do Maldivas. Eu o odeio por diversos motivos, mas essa é uma mágoa que eu dificilmente superarei.
— É tudo por vingança, então. — Minha irmã prepara mais drinques para nós.
— Por dinheiro, também. A competição oferece um ótimo prêmio e certa notoriedade. Do jeito que as coisas estão, eu terei que vender essa casa. — Enfio o dedo na margarita para misturar melhor os ingredientes. — Não sei por que comprei esse trambolho.
— Era uma ótima oferta. — Dena me lembra de quando aceitei pagar quase a metade do valor de mercado por um elefante branco de quase quatrocentos metros quadrados.
— Claro, o proprietário estava doido para se livrar dela. Eu levo uma semana para limpar isso tudo, Dena! Quando termino, já tenho que começar outra vez. Sabe quantos banheiros essa casa tem? Quatro! Para que alguém precisa de quatro banheiros, me diga?
Estou preparada para continuar ofendendo a casa por seu tamanho descomunal quando uma comoção chama a nossa atenção. Gritos histéricos de “tarado” e “pervertido” vêm da rua e a confusão está acontecendo na porta da minha casa.
— Mas que maluquice é essa?
Levanto-me e disparo pela garagem para encontrar uma cena rocambolesca típica de um seriado ruim da Netflix.
Sílvia, minha vizinha escandalosa, e Gilda, a senhora que mora do outro lado, estão no meio da rua. Gritando. Tereza segura a bolsa em posição de ataque e aponta o celular para um homem que está parado na minha varanda, tentando se proteger atrás das minhas plantas. Está um pouco escuro porque não acendi todas as luzes e só por isso demoro a perceber que ele está pelado.
Sem roupas. Completamente nu. É um homem alto, com cabelos escuros e uma expressão de confusão. Ele me olha chegando e se vira, colocando as duas mãos na frente dos genitais.
— Flávia, você precisa avisar aos seus amantes que eles não podem transitar pelados pela varanda! — Gilda esbraveja. — Esse é um bairro familiar, dá para ver tudo da rua!
Benditos muros de vidro e grade que não concedem nenhuma privacidade, não é mesmo?
— Vou chamar a polícia! — Tereza recolhe a bolsa e coloca o celular no ouvido. — Esse tarado tem que ir preso, e se ele for um pedófilo?
— O que está rolando aqui? — Adenair vem por trás de mim e se depara com o peladão. — Opa, acho que é melhor parar de beber. Estou vendo um homem sem roupas na sua varanda, mana.
— Isso é porque há um homem sem roupas na minha varanda — resmungo. — Quem é você? O que está fazendo aqui?
Ele balança a cabeça e intenta sair correndo. Olha para os lados, só que não tem para onde ir a não ser pular o muro e enfrentar as vizinhas malucas. Suas pernas parecem fraquejar e ele se apoia na parede.
— Eu não sei o que está acontecendo! — Sua voz é grave e retumba no meio da confusão. Ele fala em inglês, com um sotaque britânico do tipo molha calcinha. — Por favor, parem de gritar.
— Quem é você? — pergunto, também em inglês. Ele me olha e abre a boca, mas não diz nada. Seu peito sobe e desce acelerado e imagino que o homem esteja prestes a ter um piripaque. — Tereza, largue esse telefone! Eu vou resolver isso.
— O conselho tutelar sabe que você traz homens para casa enquanto seus filhos estão aqui? — Gilda insiste em falar bobagens.
— Se você abrir essa boca mais uma vez, vai ter que se ver comigo. E entenda, eu não preciso pagar advogado para processar alguém! — Adenair se coloca entre o peladão e o grupo de mulheres surtadas. — Vão para as suas casas, Flávia disse que vai cuidar de tudo.
Eu vou. Talvez.
— Seu nome. — Insisto. — Preciso que me diga quem é e por que está aqui.
Ele recosta a cabeça na parede e respira fundo.
— Sou Theobald Michael Landon. Conde de Lochfield. Futuro Duque de Berkeley. E não faço ideia de onde estou.
— Como é que é? — Ivone aparece pela porta da sala. — Conde? Eu entendi direito?
— Acho que ele disse duque. — Dena corrige.
— Você foi assaltado? — Ignoro o fato de que o desconhecido acha que é um nobre inglês, do tipo Harry e William. — Por isso está sem roupas? Usou alguma droga?
— Eu não sei. — Ele continua balançando a cabeça e de olhos fechados. Desencosta da parede, tenta se manter de pé e falha miseravelmente. De repente, um metro de noventa de homem em sua mais gloriosa forma física desabam no meio da minha varanda.
E eu achando que tudo de ruim que poderia acontecer essa noite seria um porre de tequila, hem?
— Agora fodeu. — Dena se aproxima e cutuca o homem com a ponta do pé. — Ele desmaiou. Temos que chamar a polícia.
— Não vamos chamar ninguém. — Seguro o cara pelos braços, com as duas mãos debaixo de suas axilas. — Ajudem-me a colocá-lo para dentro. Eu suspeito que ele seja o intercambista que estamos esperando.
Minha irmã olha para a esposa e elas fazem aquele “ah” característico de quem acha meu trabalho para a agência de intercâmbio uma grande bobagem. Poderia ser, senão pagasse um bom dinheiro e ajudasse Murilo a desenvolver seu inglês.
Só que, geralmente, nós recebemos jovens mochileiros ou adolescentes cursando o ensino médio. É a primeira vez que me mandam um homem adulto e… bem, com todos esses atributos masculinos que acabei de criticar durante um momento de ódio aos homens.
Com dificuldade, levamos o homem para dentro de casa e o colocamos sobre o sofá. Assim, pelado, sobre minhas almofadas. A gata aparece e pula sobre o estranho para cheirá-lo.
— Vou pegar alguma coisa para cobri-lo. — Adenair sobre as escadas. Graças a Deus.
— O que será que aconteceu com ele? — Ivone bebe o restante do drinque e leva o nariz até a boca do cara. — Não cheira a álcool. Será que é aquela droga maluca que estão usando na gringa, o tal fentanil? Já tivemos alguns casos no estado e ele fala inglês. Será que é um traficante?
Eu espero fortemente que não seja nada disso. Que o homem tenha sido assaltado, que esteja sofrendo por um trauma, que o desmaio seja apenas um colapso causado pelo stress.
Morri com esse pedacinho quero esse livro para ontem 😍😍