Uma espiada no livro novo, quem quer?
Olá, leitoras queridas!
O Cavalheiro que Roubou meu Coração já está em pré-venda!
Para animar vocês, decidi compartilhar hoje um trecho do primeiro capítulo para dar aquele gostinho de quero mais.
Homens de palavra deveriam ser mais cuidadosos em fazer promessas — porque eles estariam obrigados a cumpri-las no futuro. Foi com a pesada carga de um pacto selado em um momento de desespero e sofrimento que Nicholas Eckley desembarcou em Londres, depois de desembarcar em Portsmouth, vindo da Normandia. Ele precisava encontrar uma Srta. Bennett e cuidar dela.
Não fazia ideia de quem era Evelyn Bennett, mas jurara ao amigo de viagem, Lorenzo, que a encontraria e garantiria que estivesse bem e não passasse necessidades. Claro que ele não deveria ter feito isso. Exatamente por não saber quem estava prometendo cuidar. Mas como podia negar um pedido do amigo moribundo?
Era por aquele motivo que estava sentado naquela mesa engordurada de uma taverna em Shadwell, naquela noite fria de outono, bebendo uma pale ale com gosto de sabão. Ao seu lado estava Willie, sobrinho de Ashford, o mordomo de seu irmão. Esperava conseguir ajuda para identificar a famigerada noiva de Lorenzo porque, considerando a situação precária do amigo, ele não podia esperar para encontrá-la.
Depois de descobrir que existiam pelo menos cinco famílias Bennett na região e todas tinham mulheres entre os vinte e trinta anos, Nicholas sabia que teria que adotar uma postura mais agressiva — como bater à porta de cada uma e se apresentar. Planejava mentalmente um itinerário quando a notou ali.
Com cabelos dourados que ofuscavam os candeeiros, ela girava pela taverna conversando com todas as mulheres que serviam as mesas. Gesticulava, parecendo nervosa, e entregava um papel a cada uma. De onde estava, Nicholas não conseguia ouvir a voz dela, mas imaginou que a moça estivesse muito irritada com alguma coisa.
— Não encare, ela pode vir até aqui.
Willie sussurrou e ergueu a mão para pedir mais duas cervejas. A atendente rabiscou alguma coisa no papel ensebado sobre a mesa e se afastou, rebolando.
— E por que isso seria ruim?
— Ela é uma sufragista — o homem falou mais baixo ainda. Nicholas precisou se dobrar sobre a mesa para ouvi-lo. — Tenho medo de falar três vezes essa palavra e ela se materializar aqui.
Nicholas deu uma risada involuntária. Ergueu o corpo e olhou para a mulher outra vez. Sim, ela estava irritada. Toda a sua linguagem corporal indicava que estava ali atrás de alguma coisa e só sairia quando a obtivesse. Vestia-se como uma trabalhadora e portava-se como gente comum, mas isso não deveria surpreendê-lo. Nenhuma dama da sociedade estaria em uma taverna àquele horário. Nenhuma dama da sociedade estaria em taverna alguma, já que elas não frequentavam aqueles ambientes.
Mas aquela mulher transitava como se conhecesse o lugar e fosse íntima dele.
— Quem é ela?
— Não sei o nome, mas sei que elas são quatro. Vivem por aí entregando panfletos e atrapalhando os negócios, se o senhor me entende.
Não, ele não entendia. Mas talvez uma mulher que “vivesse por aí” e morasse na região pudesse lhe ser útil. Ela poderia conhecer a Srta. Bennett, aquela que procurava. Nicholas se levantou na intenção de se aproximar no instante em que a paciência do taverneiro se extinguiu e um momento de tensão se estabeleceu.
— Bennett! — O homem berrou, protegido atrás do balcão. — Não quero você perturbando meus clientes! Saia do meu estabelecimento ou chamarei as autoridades!
A mulher reagiu e se virou para o taverneiro, colocando as mãos nos quadris como se fosse uma mãe prestes a dar uma bronca nos filhos travessos.
— O senhor deveria mesmo chamar as autoridades, assim elas fechariam esse lugar de prostituição!
— Não há prostituição aqui! Você está ofendendo as minhas garotas.
— Elas não são suas garotas, Morgan! São mulheres livres!
O taverneiro, Bob Morgan, saltou por sobre o balcão. Dois homens cercaram a mulher, que não moveu um músculo para sair de onde estava.
— Desapareça com essa sua baboseira liberal da minha taverna.
— Se eu for lá atrás, nos fundos dessa pocilga, não encontrarei mulheres vendendo seus corpos por alguns xelins? Trocando sexo por comida?
Todos que estavam presentes observavam a contenda sem qualquer menção de interferir. As atendentes sorriam e algumas delas soltaram frases de apoio à sufragista. Bennett. Nicholas não tinha ouvido errado, o taverneiro a chamara de Bennett. Mas não deveria ser a mulher que procurava.
Não que fosse difícil imaginar Lorenzo atraído por uma mulher que falava a palavra sexo sem ficar constrangida e enfrentava dois capangas armados com porretes sem nem mesmo piscar.
— Vá embora.
Um dos homens que cercava Bob Morgan se aproximou e tentou agarrar a sufragista. Ela se esquivou e Nicholas saltou de onde estava, sendo contido pela mão de Willie.
— Ela sabe se virar sozinha, senhor. Veja.
A mulher não apenas desviou da investida do capanga, ela também o acertou com um chute na região sensível no meio das pernas. Vários gemidos de “ouch” foram ouvidos, como se todos os homens fossem capazes de sentir a dor daquele, que desabou se contorcendo no chão.
Nicholas não assistiria passivamente a uma mulher sendo molestada por homem algum. Se dependesse de si, já estaria no meio da taverna encerrando a discussão e garantindo a segurança daquela Srta. Bennett — mas ele queria ver até onde ela pretendia chegar.
O outro capanga se aproximou com um porrete de madeira e a agarrou pelo braço. A mulher se debateu, girou o corpo e conseguiu se soltar. Alguns “uhs” e “ohs” da audiência irritaram o homem, que ergueu a arma que tinha nas mãos e partiu para cima da Srta. Bennett.
Aquele era o seu limite. Nicholas deu alguns passos longos por entre mesas e empurrou alguns bebuns para se enfiar entre o agressor e a vítima, agarrando o porrete antes que ele pudesse atingir alguém. O homem arregalou os olhos, surpreso pela interferência.
— Não se atreva a tocar nela.
Com um puxão, Nicholas tomou o bastão da mão do capanga. O outro continuava se contorcendo e Bob Morgan não teve coragem de se aproximar mais.
— Se vai se responsabilizar pela vadia, tire-a do meu estabelecimento.
— Ninguém se responsabiliza por mim, eu também sou uma mulher livre — bradou a Srta. Bennett.
Nicholas deu dois passos até o taverneiro e o encarou de cima. Ser mais alto do que quase todos os homens com quem conversava lhe dava a vantagem da intimidação. Sem dizer nenhuma palavra, colocou o porrete sobre o balcão e deu as costas. A mulher o encarava não como se fosse agradecer-lhe, mas disposta a agredi-lo também. Por ter se intrometido.
— Suma daqui, Bennett, e leve seu novo amigo com você. Não quero vê-la nunca mais na minha taverna.
Pelo sorriso cínico que a Srta. Bennett disparou e pela forma como ela girou nos calcanhares e marchou para fora da taverna, Nicholas imaginou que ela não fosse atender àquele pedido. Que estaria disposta a retornar àquele estabelecimento quantas vezes quisesse. Ele ficou paralisado ali, quase imóvel enquanto ela desviou das mesas e seguiu na direção da rua escura. Depois, olhou para Willie e, com um movimento de cabeça, indicou que iria atrás dela.Homens de palavra deveriam ser mais cuidadosos em fazer promessas — porque eles estariam obrigados a cumpri-las no futuro. Foi com a pesada carga de um pacto selado em um momento de desespero e sofrimento que Nicholas Eckley desembarcou em Londres, depois de desembarcar em Portsmouth, vindo da Normandia. Ele precisava encontrar uma Srta. Bennett e cuidar dela.
Não fazia ideia de quem era Evelyn Bennett, mas jurara ao amigo de viagem, Lorenzo, que a encontraria e garantiria que estivesse bem e não passasse necessidades. Claro que ele não deveria ter feito isso. Exatamente por não saber quem estava prometendo cuidar. Mas como podia negar um pedido do amigo moribundo?
Era por aquele motivo que estava sentado naquela mesa engordurada de uma taverna em Shadwell, naquela noite fria de outono, bebendo uma pale ale com gosto de sabão. Ao seu lado estava Willie, sobrinho de Ashford, o mordomo de seu irmão. Esperava conseguir ajuda para identificar a famigerada noiva de Lorenzo porque, considerando a situação precária do amigo, ele não podia esperar para encontrá-la.
Depois de descobrir que existiam pelo menos cinco famílias Bennett na região e todas tinham mulheres entre os vinte e trinta anos, Nicholas sabia que teria que adotar uma postura mais agressiva — como bater à porta de cada uma e se apresentar. Planejava mentalmente um itinerário quando a notou ali.
Com cabelos dourados que ofuscavam os candeeiros, ela girava pela taverna conversando com todas as mulheres que serviam as mesas. Gesticulava, parecendo nervosa, e entregava um papel a cada uma. De onde estava, Nicholas não conseguia ouvir a voz dela, mas imaginou que a moça estivesse muito irritada com alguma coisa.
— Não encare, ela pode vir até aqui.
Willie sussurrou e ergueu a mão para pedir mais duas cervejas. A atendente rabiscou alguma coisa no papel ensebado sobre a mesa e se afastou, rebolando.
— E por que isso seria ruim?
— Ela é uma sufragista — o homem falou mais baixo ainda. Nicholas precisou se dobrar sobre a mesa para ouvi-lo. — Tenho medo de falar três vezes essa palavra e ela se materializar aqui.
Nicholas deu uma risada involuntária. Ergueu o corpo e olhou para a mulher outra vez. Sim, ela estava irritada. Toda a sua linguagem corporal indicava que estava ali atrás de alguma coisa e só sairia quando a obtivesse. Vestia-se como uma trabalhadora e portava-se como gente comum, mas isso não deveria surpreendê-lo. Nenhuma dama da sociedade estaria em uma taverna àquele horário. Nenhuma dama da sociedade estaria em taverna alguma, já que elas não frequentavam aqueles ambientes.
Mas aquela mulher transitava como se conhecesse o lugar e fosse íntima dele.
— Quem é ela?
— Não sei o nome, mas sei que elas são quatro. Vivem por aí entregando panfletos e atrapalhando os negócios, se o senhor me entende.
Não, ele não entendia. Mas talvez uma mulher que “vivesse por aí” e morasse na região pudesse lhe ser útil. Ela poderia conhecer a Srta. Bennett, aquela que procurava. Nicholas se levantou na intenção de se aproximar no instante em que a paciência do taverneiro se extinguiu e um momento de tensão se estabeleceu.
— Bennett! — O homem berrou, protegido atrás do balcão. — Não quero você perturbando meus clientes! Saia do meu estabelecimento ou chamarei as autoridades!
A mulher reagiu e se virou para o taverneiro, colocando as mãos nos quadris como se fosse uma mãe prestes a dar uma bronca nos filhos travessos.
— O senhor deveria mesmo chamar as autoridades, assim elas fechariam esse lugar de prostituição!
— Não há prostituição aqui! Você está ofendendo as minhas garotas.
— Elas não são suas garotas, Morgan! São mulheres livres!
O taverneiro, Bob Morgan, saltou por sobre o balcão. Dois homens cercaram a mulher, que não moveu um músculo para sair de onde estava.
— Desapareça com essa sua baboseira liberal da minha taverna.
— Se eu for lá atrás, nos fundos dessa pocilga, não encontrarei mulheres vendendo seus corpos por alguns xelins? Trocando sexo por comida?
Todos que estavam presentes observavam a contenda sem qualquer menção de interferir. As atendentes sorriam e algumas delas soltaram frases de apoio à sufragista. Bennett. Nicholas não tinha ouvido errado, o taverneiro a chamara de Bennett. Mas não deveria ser a mulher que procurava.
Não que fosse difícil imaginar Lorenzo atraído por uma mulher que falava a palavra sexo sem ficar constrangida e enfrentava dois capangas armados com porretes sem nem mesmo piscar.
— Vá embora.
Um dos homens que cercava Bob Morgan se aproximou e tentou agarrar a sufragista. Ela se esquivou e Nicholas saltou de onde estava, sendo contido pela mão de Willie.
— Ela sabe se virar sozinha, senhor. Veja.
A mulher não apenas desviou da investida do capanga, ela também o acertou com um chute na região sensível no meio das pernas. Vários gemidos de “ouch” foram ouvidos, como se todos os homens fossem capazes de sentir a dor daquele, que desabou se contorcendo no chão.
Nicholas não assistiria passivamente a uma mulher sendo molestada por homem algum. Se dependesse de si, já estaria no meio da taverna encerrando a discussão e garantindo a segurança daquela Srta. Bennett — mas ele queria ver até onde ela pretendia chegar.
O outro capanga se aproximou com um porrete de madeira e a agarrou pelo braço. A mulher se debateu, girou o corpo e conseguiu se soltar. Alguns “uhs” e “ohs” da audiência irritaram o homem, que ergueu a arma que tinha nas mãos e partiu para cima da Srta. Bennett.
Aquele era o seu limite. Nicholas deu alguns passos longos por entre mesas e empurrou alguns bebuns para se enfiar entre o agressor e a vítima, agarrando o porrete antes que ele pudesse atingir alguém. O homem arregalou os olhos, surpreso pela interferência.
— Não se atreva a tocar nela.
Com um puxão, Nicholas tomou o bastão da mão do capanga. O outro continuava se contorcendo e Bob Morgan não teve coragem de se aproximar mais.
— Se vai se responsabilizar pela vadia, tire-a do meu estabelecimento.
— Ninguém se responsabiliza por mim, eu também sou uma mulher livre — bradou a Srta. Bennett.
Nicholas deu dois passos até o taverneiro e o encarou de cima. Ser mais alto do que quase todos os homens com quem conversava lhe dava a vantagem da intimidação. Sem dizer nenhuma palavra, colocou o porrete sobre o balcão e deu as costas. A mulher o encarava não como se fosse agradecer-lhe, mas disposta a agredi-lo também. Por ter se intrometido.
— Suma daqui, Bennett, e leve seu novo amigo com você. Não quero vê-la nunca mais na minha taverna.
Pelo sorriso cínico que a Srta. Bennett disparou e pela forma como ela girou nos calcanhares e marchou para fora da taverna, Nicholas imaginou que ela não fosse atender àquele pedido. Que estaria disposta a retornar àquele estabelecimento quantas vezes quisesse. Ele ficou paralisado ali, quase imóvel enquanto ela desviou das mesas e seguiu na direção da rua escura. Depois, olhou para Willie e, com um movimento de cabeça, indicou que iria atrás dela.