Bom dia, leitoras!
Estou chegando cedo porque hoje o dia será um pouco tumultuado aqui, já que teremos festinha. Ontem foi meu aniversário! Hoje, o presente é de vocês.
Como prometido, o primeiro capítulo de JULIETA PROIBIDA está on, para as assinantes da newsletter.
Divirtam-se!
Atenção: o primeiro capítulo não possui gatilhos emocionais nem conteúdo sexual explícito, apenas palavras de baixo calão e linguagem vulgar.
Maximiliano
Julho é um mês quente pra caralho.
O calor faz com que os ratos e as baratas saiam dos bueiros.
É por isso que nós, Los Cobras, gostamos de caminhar pelas ruas da Cidade do México durante o verão.
Hoje é um dia especial — nosso inimigo está dando um baile de máscaras para apresentar a sua filha à sociedade.
Eu e Romano paramos na frente da mansão de Alejandro Maldonado e colocamos nossas máscaras. Não existe nada mais brega do que festas à fantasia fora do Dia de Los Muertos.
— Tem certeza? — Romano pergunta. — Entrar desarmado no território dos Herrera é loucura.
Sei que é. Mas estou especialmente louco, hoje.
Foi nesse mesmo dia que, anos atrás, eu fui sequestrado pelo Cartel Herrera. Não há nada que faça parar a dor que rasga meu peito com as memórias do que aconteceu depois.
— Absoluta — respondo, ajeitando o chapéu sobre minha cabeça. — Vamos tomar um drinque no inferno, patrocinado pelo próprio diabo.
Romano não ri.
Não importa a piada que eu conte, o quanto engraçado eu sou — ele nunca ri.
Na porta de entrada há dois seguranças armados. Se tentarmos ir por esse caminho, seremos barrados. Depois de anos espionando a casa de Maldonado, sei que há várias falhas se vigilância em vários pontos estratégicos e é por um deles, no muro lateral do jardim, que entramos.
Todos os convidados estão mascarados e fantasiados. É quase impossível identificar qualquer pessoa. É um ambiente propício para crimes, transações ilícitas e muita perversão.
Infelizmente, a festa conta com a presença de mulheres casadas e jovens moças. Não presenciamos nenhuma depravação no salão principal.
— Em uma hora, no chafariz. — Aponto para a escultura de pedra no meio do jardim. — Agora vá se divertir.
Se conheço meu amigo, ele vai direto para as salas secretas de jogos. Romano não perde a oportunidade de apostar, porque ele sempre ganha. Bem, nem sempre.
Às vezes ele perde. De propósito.
Porque assim não desconfiam de que ele conta cartas como um mestre.
Eu prefiro o bar, as mulheres e a música latina que impregna em meus ossos e me faz querer dançar. Pego champanhe de uma bandeja e esvazio a taça em um gole. Troco por outra cheia, que também bebo de uma só vez. Preciso de três doses de champanhe e uma de tequila para me soltar.
Meus olhos vagam pelo ambiente cheio de fantasiados e param nela.
Uma jovem de cabelos escuros presos e com um vestido verde indecente que expõe muito mais do que ela parece confortável em expor. Suas mãos puxam a saia para baixo várias vezes, em um ritmo repetido. O vestido está coberto de tule e ela usa um par de asas de borboletas.
Anjos não existem.
Se existissem, seriam como ela.
Estou parado no meio do salão observando-a se esgueirar até o jardim e desaparecer por entre os arbustos de flores.
Ou a borboleta está voando para um encontro romântico, ou fugindo da festa. Impulsionado a descobrir, sigo atrás dela. Sou bom em despistar, mas não me preocupo com isso. A maior parte dos convidados está bêbada. A outra parte está ocupada demais para notar qualquer coisa.
Encontro-a parada exatamente na frente do chafariz. A iluminação ali é precária e não há câmeras de vigilância funcionando — porque eu e Romano cortamos os fios meses atrás.
— Espera alguém?
Ela se sobressalta e se vira, batendo os joelhos em um banco de pedra. Seus olhos se prendem nos meus e permanecem ali por muitos segundos.
— Oh. Você me assustou.
— Não foi a minha intenção. — Dou um passo em sua direção. Ela não corre. Continua olhando para mim e não está com medo. — Você veio aqui para se encontrar com alguém?
A borboleta relaxa os ombros e inspira profundamente.
— Não, eu não conheço quase ninguém nessa festa. Meus pais me obrigaram a participar.
Aproximo-me um pouco mais. Ela é jovem, muito jovem. Tem menos de vinte anos, mas é adulta — e não é daqui. Veio com os pais, que devem ser amigos de Maldonado.
— Imagino que não esteja se divertindo.
Ela baixa o olhar.
— Não é o meu tipo de diversão.
Mais dois passos e estou a poucos centímetros dela.
— E o que divertiria você, borboleta?
— Xadrez. — Ela sorri. Esfrega as mãos na saia outra vez. Tenho vontade de impedi-la para que deixe essas pernas lindas à mostra. Ao mesmo tempo, prefiro que apenas eu esteja ali para vê-las.
Que bobagem, Maximiliano. Não há exclusividades entre as putas.
Mesmo que seja de uma boa família, ela não é para mim. Sei disso só de olhar para a sua beleza angelical.
— Xadrez? — A surpresa não é fingida. — Nenhum passatempo jovem, como raves ou compras em shoppings?
Ela dá uma risadinha baixa.
— Não gosto muito de festas. Prefiro mesmo jogos de tabuleiro e não sou muito fã de bebidas alcoólicas. Viu por que estou sozinha? Eu sou a chata do rolê.
Tenho vontade de rir.
Ela tem senso de humor e faz uma piada com um completo desconhecido. A intensidade de seu olhar sobre mim me excita. Ela percorre toda a minha extensão. Mantenho o semblante firme enquanto retribuo o olhar.
Meu pau reclama.
Ele é sempre exigente e sem paciência, mas ficará frustrado. Duvido que essa seja uma mulher que eu vá conseguir arrastar para as sombras comigo. Posso inclusive apostar que ela seja uma virgem.
Não sei por que tenho essa impressão. Só sei que apostaria um bom dinheiro para confirmar se estou certo.
Chego mais perto.
Ela não recua.
Uma música de Sin Bandera começa a tocar. Ofereço minha mão para ela, que aceita. A fada segura meus dedos e é como ser atingido por uma descarga elétrica. Meu corpo estremece por inteiro. Não conseguiria soltá-la. Nem se quisesse.
Que sensação estranha.
Prendo a mão dela na minha e a puxo para perto. As asas atrapalham um pouco a nossa conexão e as máscaras impedem que eu a veja. Que eu saiba quem ela é.
Sem tirar os olhos de mim, ela acompanha meus passos. Não que seja muito difícil dançar música lenta. Basta que os corpos se conectem.
— Qual é o seu nome? — Estou curioso. Meu corpo reage à proximidade, como se ela exercesse algum tipo de poder sobre mim.
A mulher pisca, com os longos cílios se destacando por debaixo da máscara, e sorri.
— Se eu disser, você saberá quem sou. Isso é exatamente o que não deve acontecer em um baile de máscaras.
— Você não quer saber o meu nome? — Levo a mão para afastar uma mecha rebelde que se desprendeu do penteado e está caindo sobre seu rosto.
O coração dela dispara. Consigo senti-lo. Meu polegar roça em sua bochecha.
Ela também está excitada.
Será que é a perspectiva de se entregar para um estranho no meio de um jardim escuro?
— Não — ela finalmente responde. — Por que eu iria querer?
Sorrio. Ela engole um bolo de saliva enquanto arfa para buscar o ar. Com isso, seus lábios se partem.
Puta merda.
— Para saber quem é o homem que vai beijá-la.
Minha boca vai até ela antes que me arrependa do que estou fazendo. Maximiliano De Leon não se arrepende de nada.
Tão logo nossos lábios se encontram, ela arregala os olhos e coloca as duas mãos em meu ombro. Maldição. Se me empurrar, não conseguirei prosseguir. Nunca me impus a uma mulher, não será agora que isso vai acontecer.
Mas ela não me empurra. As mãos acariciam meu peito e eu aprofundo o beijo. Mordisco seu lábio inferior e passo a língua por ele. Ela arfa, eu aproveito a oportunidade para acariciar sua língua com a minha.
Esse é o beijo menos experimente que já beijei. A borboleta está curiosa, me enlaçando pelo pescoço e puxando minha cabeça para baixo, mas ela se surpreendeu com minha língua dentro de sua boca.
Além de virgem, será que ela nunca foi beijada?
Deslizo minhas mãos pela lateral de seu corpo, desvio das asas e a agarro pelos quadris. Ela estremece ao sentir minha ereção em sua barriga. Sua língua macia encontra a minha e eu quase perco o controle.
— Julieta!
Uma voz feminina ecoa. Ela se assusta.
E me empurra.
Encara-me com olhos arregalados e passa a mão pelos lábios.
Sim, eles estão inchados. Sim, vão desconfiar que ela esteve beijando desconhecidos no jardim.
— Julieta, onde você se enfiou?
Ela parece genuinamente apavorada.
— Preciso ir. Eu não devia ter feito isso.
A mulher passa por mim e dispara na direção da festa. Tento ir atrás dela, mas sou contido pelas mãos de Romano. Ele me segura e coloca um dedo na frente dos lábios.
Volto para as sombras.
— Mas que diabos? — Agarro-o pelo colarinho, irritado por me fazer perder o rastro da borboleta.
— Maxi, você sabe quem ela é?
Balanço a cabeça.
— Você esteve me espiando esse tempo todo? Há quanto tempo está aqui?
— Acabei de chegar. Vi quando ela se afastou. Temos que ir, os homens estão fazendo jogos perigosos na sala secreta.
Não entendo o que diz meu amigo. Estou com o olhar fixo na direção da festa, procurando onde minha borboleta pode ter se escondido.
— Maximiliano! — Romano me sacode. — Vamos embora.
— Quem ela é?
— Você não sabe, mesmo? — Ele duvida.
— Se soubesse, não estaria perguntando, carajo! Nomes, Romano. E rápido.
— Ela é Julieta Maldonado, Maxi. A filha de Alejandro.
Viro-me para Romano e estou tão confuso que ele me arrasta com facilidade para fora do jardim e de volta para a segurança da rua.
Isso não é algo que eu permita que façam comigo. Ninguém me segura, ninguém me arrasta, mas não consigo impedir enquanto a verdade desaba sobre mim.
Acabo de beijar a filha do meu inimigo.
Pior. Acabo de ser beijado por ela. Foi talvez o melhor beijo da minha vida. Foi sincero porque ela não sabe quem sou e mesmo assim me quis. E eu a quis.
Ainda quero.
Mierda.
Posso desfalecer agora??? Kd o resto??? Isso não se faz. Vc é má Tati, muit má