Desafio cumprido: o prólogo de espadas!
Boa noite!
Vocês cumpriram o desafio no instagram, então recebam seu prêmio! O prólogo inteirinho de O Duque de Espadas.
Dublin, 1865.
“Eu estive enganando-o por todo esse tempo. Não posso continuar com isso. Por favor, não me procure, não tente me dissuadir. Meu futuro está decidido e ele não inclui você.”
Lucian ruminava as palavras há dias. Mastigou-as, depois engoliu-as apenas para regurgitá-las e sentir o gosto amargo outra vez. A carta, amassada em suas mãos, continha dezenas delas. Palavras horríveis, grafadas com a letra bonita da mulher que ele amava.
E que, pelo visto, não o amava de volta.
Eles planejavam se casar, tão logo ele conseguisse colocar as finanças do ducado em ordem. Seu pai, o Duque de Lochbride, era um tolo que os deixou na penúria, mas Lucian tinha planos para se reerguer. Ele tinha investimentos que dariam bons frutos em breve e permitiriam a quitação da maior parte dos débitos. Johanna havia aceitado esperar por ele. Esperar por quando ele pudesse lhe dar uma vida digna.
“Meu futuro está decidido e ele não inclui você.”
Não. Por mais que seu coração tivesse sido arrancado do peito e sangrasse, pendurado do lado de fora, ele não permitiria que ela terminasse tudo sem ao menos olhá-lo nos olhos. Johanna teria que dizer aquelas palavras miseráveis ou ele não as aceitaria.
Era por isso que estava ali, na sala dos Doherty, esperando para vê-la. Que se danasse Liam Doherty, o canalha do pai dela, que o odiava por razões desconhecidas. Lucian não sairia daquela casa sem uma explicação. Porque, até ouvi-la, ele se recusaria a acreditar que era o fim.
— Meu lorde. — A Sra. Doherty entrou na sala. Era uma mulher bonita. Uma clara visão do que seria Johanna quando atingisse a maturidade.
— Onde ela está? — Lucian não tinha muita paciência e não gostava de circunlóquios. — Quero falar com ela.
— Se refere-se a Johanna, minha filha viajou para os Estados Unidos com o noivo.
Aquelas palavras quase o derrubaram. Ele sentiu os joelhos fraquejarem. Tontura. A visão embaçou. Não havia nenhuma menção na carta a uma viagem, menos ainda a um noivado.
— Não acredito na senhora — ele murmurou.
— Lamento que não se conforme com a ruptura do seu relacionamento com Johanna, mas…
Lucian marchou pela sala e disparou pelos corredores, deixando a pobre Sra. Doherty falando sozinha. Abriu porta por porta, entrou em cada cômodo e procurou sua amada neles todos. Trombou com criadas que gritaram ao vê-lo e com criados que tentaram expulsá-lo. Em vão.
Gritou o nome dela. Chegou ao quarto que ela ocupava. Não havia nada ali. Os vestidos desapareceram. O cheiro esvaneceu.
— Eu disse que ela se foi. — A Sra. Doherty encontrou-o parado no meio do cômodo. — Johanna tomou a melhor decisão para a vida, a de se casar com um próspero e rico comerciante americano. Meu lorde é um bom homem, mas não pode dar a ela a vida que merece.
Ele não podia. Johanna nunca demonstrou que se interessava mais por dinheiro do que pelo amor que compartilhavam.
Não compartilhavam.
Ela o enganou durante todo aquele tempo. Escolheu um homem rico na primeira oportunidade que teve e nem sequer teve a decência de comunicar o rompimento pessoalmente.
Sem dizer nada, Lucian partiu. Não olhou para trás. Seu peito estava oco. O coração que ali batia despencou e caiu. Jazia inerte pelo chão da propriedade dos Doherty. Ele voltaria para Londres com a carne aberta, a ferida sangrando e a alma em frangalhos.
O amor era um devaneio que nunca mais o iludiria.